USO INCORRETO DE MOCHILA PREJUDICA A SAÚDE DO ALUNO.
Com
a volta às aulas, um tema recorrente, o uso adequado de mochilas, é retomado. “Você já reparou na postura da criança ou do adolescente com uma mochila
escolar nas costas?”, pergunta Carlos de Alexandrino Brito Júnior, médico fisiatra
da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Ao descrever a imagem corporal com os
inúmeros erros posturais que começam na cabeça, passam pelo tórax, seguem pela
coluna, avançam pelos quadris, alcançam os joelhos e desabam nos pés, o médico
desabafa: “Dá até vontade de chorar”.
ORIENTAÇÃO E CUIDADOS EVITAM DORES, CANSAÇO, ALTERAÇÃO NO CAMINHAR E AGRAVAMENTO DE DESVIOS NA COLUNA, AVISA ESPECIALISTA.
Mais
preocupante ainda é que, ao longo dos últimos dez anos, as queixas de dores
relacionadas às posturas inadequadas desse público, entre 6 e 17 anos,
aumentaram 35%, de acordo com pesquisas médicas e estudos ergonômicos, informa
Brito.
“A
boa notícia é que é possível resolver o problema com orientação correta (a
estudantes, pais e escola), fiscalização (pais e escola) e cuidados simples”,
adianta o médico.
USO ERRADO
Os
estudantes invertem a lógica: em vez de as mochilas se adaptarem ao corpo, forçam
a coluna a se adaptar a elas e alteram os padrões posturais.
O
uso inadequado ocorre, também, com o modelo de rodinhas.
“Observo
crianças quase agachadas para deslizarem a mochila”, descreve Brito. Se o
puxador tivesse o comprimento ideal à altura da criança, ela caminharia com o
corpo ereto. O tamanho e o peso da rodinha devem ser inversamente proporcionais
às dimensões da criança.
A
mochila de tamanho regular não ultrapassa a altura dos ombros nem a largura do
tronco – e fica pelo menos oito centímetros acima da cintura. Suas alças são
largas, duplas e acolchoadas. A cinta deve estar ajustada ao corpo de modo a
parecer extensão da pessoa, jamais solta ou pendurada.
Outro
cuidado é evitar peso excessivo. A recomendação da Organização Mundial da Saúde
(OMS) é que a mochila vazia deve pesar até um quilo (por isso, a escolha de
material leve é importante); se cheia, menos de 10% do peso corporal.
Os
problemas ocasionados pela mochila pesada, caída, solta e com tiras finas são os
seguintes: inclina a cabeça para frente; força o pescoço a aumentar sua
curvatura natural; obriga o tórax a se expandir em busca de apoio; desloca a
região lombar (bumbum) para trás; e faz dobrar quadris (pelve) e joelhos. Para
compensar a estrutura desalinhada e achatada (a altura diminui), as pernas se
abrem e os pés dão passos largos.
Dor,
desgaste, desvio – As adaptações para compensar sobrecarga e postura inadequada
mudam a marcha da pessoa e acarretam o mau funcionamento das estruturas músculos-esqueléticas
(músculos tendões, articulações e ligamentos), informa o médico. Com isso,
virão os primeiros sinais de alerta: dores na coluna. O posicionamento errado
provoca até dor de cabeça.
O
estudante poderá sentir cansaço porque a postura corporal inadequada exige
maior dispêndio energético. O desgaste natural das estruturas músculos- esqueléticas,
que ocorreria com a idade, se acelera porque a pessoa está em idade de
crescimento e desenvolvimento rápido. “Se a criança ou adolescente tiverem
algum desvio da postura da coluna vertebral (cifose, lordose ou escoliose),
isso poderá ser agravado pelos movimentos errados reproduzidos por muito
tempo”, frisa Brito.
Por
isso, o médico diz ser importante garantir a escolha certa da mochila, orientar
e fiscalizar o seu uso e também manter atenção vigilante na postura quando o aluno
estiver caminhando com a mochila ou sentado em casa ou na escola.
Claudeci Martins
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial.
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